terça-feira, 18 de março de 2008

POR UMA ARQUITETURA VIRTUAL: UMA CRÍTICA DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS

Bom, iniciarei meu comentário acerca do texto de Ana Paula Baltazar com a definição dos termos discutidos por ela que encontrei em um desses dicionários on-line:


  • Digital (lat digitale): [...] 4 Eletrôn Que se utiliza de um conjunto de dígitos, em vez de ponteiros ou marcas numa escala, para mostrar informações numéricas: Termômetro digital. 5 Eletrôn Diz-se do circuito eletrônico que produz e responde a sinais que, num determinado instante, encontram-se num dentre os vários níveis possíveis (geralmente dois). 6 Eletrôn Diz-se dos dados contínuos separados em unidades distintas, para facilitar a sua transmissão, processamento etc. 7 Eletrôn Diz-se da transmissão (p ex, de som) assim realizada. 8 Inform Computador que opera com quantidades numéricas ou informações expressas por algarismos. 9 Inform Computador cujos dados são processados por representações discretas.

  • Virtual (lat virtuale): 1 Que não existe como realidade, mas sim como potência ou faculdade. 2 Que equivale a outro, podendo fazer as vezes deste, em virtude ou atividade. 3 Que é suscetível de exercer-se embora não esteja em exercício; potencial. 4 Que não tem efeito atual. 5 Possível.

O texto de Ana Paula chamou-me a atenção logo no início, pois confesso que eu mesma confundia esses termos e os utilizava de forma errônea. À medida que o lia crescia minha curiosidade a cada citação de artistas, empresas ou programas que ela fazia eu interrompia minha leitura para pesquisá-los. Só essa característica do texto já o fez valer a pena, pude conhecer, entre tantos trabalhos, dois que me chamaram maior atenção: o de Lygia Clark e do escritório NOX, da Holanda. O destaque a esses foi dado, separadamente, em outros tópicos deste blog.

Quanto ao conteúdo do artigo, a discussão foi enriquecedora e instigante no sentido de buscar uma melhor maneira de se pensar a Arquitetura: inserindo eventos às substâncias. Não projetamos espaços para serem apenas olhados e apreciados, o objetivo principal de nosso trabalho deve ser a vida que se realiza nesse lugar. Os projetos devem ser pensados com vista ao uso desse espaço e é essa a virtualidade da qual Baltazar comenta. É o virtual como algo que só se concretiza quando do uso, quando da realização do evento, tal qual a Máscara com Espelhos de Clark. Deve-se criar lugares em que haja maior liberdade, flexibilidade de usos, que sejam definidos de acordo com a necessidade do usuário, ao contrário do que se vê normalmente, com ambientes que restringem a utilização das "formas" às "funções" pré-estabelecidas no ato do projeto. Um exemplo interessante da arquitetura de liberdade é o Familistério de Godin, por ser um projeto baseado no evento, e não na substância.

O termo virtual está relacionado ao que pode vir a ocorrer no espaço, às possíveis formas de uso da substância e pode ser amplamente explorado por ferramentas digitais, sem estar restrito a elas. A informática oferece meios de se experimentar o uso do espaço, sua virtualidade, antes de executar o projeto, como forma de testar sua utilidade e eficiência. No entanto, esses recursos têm sido sub-utilizados com a utilização da tecnologia apenas para a digitalização dos projetos, na conversão de desenhos e informações em formatos digitais para melhor visualização e apresentação.

Ana Paula convida-nos a dar mais atenção às possibilidades de evolução do pensamento arquitetônico com as tecnologias digitais, ao invés de, simplesmente, reproduzirmos tais projetos no computador. É um desperdício esse uso tão restrito. Além disso, aconselha-nos a simular os possíveis usos do espaço, para que seja colocada em prática uma arquitetura mais livre e, de fato, virtual.

Um comentário:

A.R.T. disse...

Excelente texto!
Claro, interessante, bem estruturado. As idéias foram muito bem apresentadas!

Também concordo com você e com Baltazar: os arquitetos devem ampliar os usos das tecnologias digitais para além da esfera da reprodução e passar para o campo da "arquitetura virtual".

Parabéns, Bianca!